Retorno

Na esperança de me leres entre as linhas

Te escrevo mais um dia

Não existe retorno, mas do ponto de partida tudo ficou

Não me lembro de promessas, caprichos e saudades

Lembro me de olhares com fogo de ternura

Agora ficou um olhar de piedade, desses cafés sem sentido no sentido do momento.

Não deixes pela metade a ida ou a viagem

Acredita nos gestos que as palavras não tem  verdade

A dor não foi nem ficou apenas transformou a rosa num espinho sem flor, daqueles dias inspirados ficaram palavras poucas sem sentido que aqui te vou deixando na esperança de me leres só mais uma vez

Estagnada no momento olho te quando te afastas sem partir e relembro as promessas que nunca fizemos.

Só mais um momento

HOJE

 

Podia ter perdoado todos os erros da mesma forma, podia ter ido além das forças. No prazer da jornada podia encontrar paz e calma, mas esta jornada não é minha, não é a minha luta, não são os meus dias.

Não percorro caminhos ao teu lado, pois ao teu lado nada cabe, apenas saudade e imagens destroçadas da pessoa outrora imaginada.

Não procuro desculpas, não procuro respostas, procuro uma e apenas uma razão para na solidão da noite juntar todas as folhas de papel numa mala sem fundo e partir para um novo horizonte, um novo despertar.

Já não é vida nem mesmo a vontade que me mantém junto a esta imagem é apenas o cansaço da rotina e a liberdade de me saber minha que me mantém ainda nesta margem. Não te guardo no coração nem mesmo na razão, guardo te em molduras.

Não sorriu contigo, sorrio para ti numa ultima esperança. Não te peço nada e no pouco que te digo são sempre fantasmas que ficam, tornando a minha figura o mais distante daquilo que um dia disseste amar.

Coração é gelo e de consciência nem vestígios, na alma já nada carrego, sou apenas eu este corpo sem alma a percorrer os caminhos que desenho nas noites acordada a espera que amanheça para estar mais velha e mais perto desse fado impiedoso que me leva e me mata por momentos nos braços da saudade enquanto bebemos café e dizemos tudo menos a verdade.

Sombras

São tantos os fantasmas

As sombras em meu ser

Não luto com a solidão

Procuro-a

Fujo por rotinas apertadas

Dias compridos

A noite encontra-me

Consola a loucura

Num ato de maldade

Na sobriedade de pensamentos

Lembras-me

Recordo-te todas as frases

Embalo-me na melancolia

Adormeço por fim

Por momentos enlouqueço

Uso palavras

Como arma de arremesso

Não meço

Não penso

Magoa

Para na infelicidade do mundo

Fluir a escrita

Matar a saudade

Ficar-te mais perto

Sabendo que estás em mim!

“Perpetuar momentos”

Entra, fecha a porta

Despe-me devagar

Como de roupa se tratasse

Toca-me com as palavras

Grita-as, sussurra, cala-te

E na ultima das investidas

Deixa-me como saída o ruído de teus braços

Deseja-me folha em branco

Mata a cada palavra este meu desejo

Sai, fecha a porta

Deita-te devagar

Olha só mais uma vez pela janela

Não há nada

Foi apenas mais um sonho acordada

Em que te escrevi

Uma história inacabada….

 

Posso perder…

Posso perder o chão
Nunca a razão
Se não te escrevo mais
São as frases ditas a mais
Penso em ti
Não ocupas minhas noites
Essas são apenas solidão
Despeço-me dos cafés
No sentimento de procura
Procuro a vontade
De voltar ao real
No teu olhar tenho tudo
A saudade do vivido
A ilusão do passado
A transparência da verdade
Não te minto quando te escapo
Minto ao calor que me mata
Desejo da noite inacabada
Leva me contigo
Deixa-me voar mais uma vez
E amanhã talvez
Acorde outra personagem
Que não esteja de passagem.

Um fim

Na frieza do fim pensei me morta

Afinal havia mais força em meus braços que em tuas palavras

Doí me o corpo e talvez um pouco a alma

Mas assim o quis o tempo

Não guardo rancor pelo que és

Guardo a saudade dos momentos que passaram

Assim vou seguir em frente sem magoas

Sinto me tão cheia que já não tenho como chorar

As lágrimas que ficam do Adeus, deixo as para o teu acordar

Quando nas noites frias de inverno procurares meu corpo vais encontrar a dor da minha ausência

Nos locais onde trocamos juras de amor, vais sentir o meu cheiro mas eu não estou

Nas madrugadas de conversa perdida vais ter pesadelos

Não sou um fantasma

Sou a tua melhor miragem a areia que te fugiu entre os dedos

Sou quem podia ser tudo, mas que não deixou nada

Não guardo rancor das palavras

Guardo a vontade de te ter

Não tenho espaço nesse mundo distorcido

Não tenho palavras para te consolar

Sou quem podia ter dado tudo e por tudo ter dado nada dei

Se o telefone tocar e não ouvires a minha voz

Apenas não há mais palavras

Não guardo rancor pelos dias de solidão

Guardo me a mim para viver outra história

Desisto

Ainda me restam as palavras consumidas em magoas
Ficam me ainda as lágrimas descontroladas
Escrevo para não gritar
Sujo as folhas para não partir vidros
As forças que restam são para controle
Resta nada de nada
Cansada, desisto
Desisto do que não vale a pena
Desisto do que não leva a bom porto
Desisto de chorar, discutir, desisto de tentar
Calo-me como a noite leva a melhor do dia
Acalmo o exterior para não arder
A unica palavra: desisto
Estou cansada. Não de hoje, de ontem ou da semana
É um cansaço de outra vida
Uma lembrança de quem sou OU pensava ser
Fantasma de mim própria no espelho
Marioneta de vontades, de servir
Desisto de mim
Desisto da especie de vida
Sequei as lágrimas
Esvaziei a alma
Vou apenas deixar sair este fogo e ver me arder até só sobrar cinzas no vento
Vou apenas ali à esquina
Ver a miragem que fui
Vou só ali vomitar de nojo
Vou só ali e não volto

Desembrulhar pensamentos

Deserto, belo deserto
Cheio de casas, almas penadas
Gentes de olhos na vida através de janelas empoeiradas
Movimentos involuntários levados na rotina
Um passado recalcado em porta retratos
As almas despertam em amores
Perdem se em solidão
Ardem em chamas as cartas espalhadas
Com histórias de inocentes
Mortos na luta de viver

Pedra do meu Sapato

Perdida além pensamento
Mortalidade adiada em segundos andantes
Arrasto-me pelo mesmo chão, a paisagem mesma de sempre
Horas de outrora em sorrisos levianos
Não tenho de partir bebo mais um copo
Olho-te do outro lado da mesa
Entre o fumo de mais um cigarro
Não é o vicio é o convívio
Quando olho o maço vazio guardado na gaveta
Lembro me das madrugadas sobre a cidade
Guardo-o como um segredo
O meu segredo o meu passado a minha lembrança
É maior o sentimento que tenho a prender-me

Mas estas horas sozinhas…
Marcam me o pensamento, a saudade por vezes
Já não me lembrava como é bom escrever
Até a minha mão se esqueceu e doi a cada palavra
Não minto quando digo que estou bem, estou feliz
Mas fica sempre pela metade a frase
Falta me a vontade, a novidade
A liberdade de mais um passo de valsa
Sinto-me falsa
Uma personagem inventada
Numa história de Era uma vez… …viveram felizes para Sempre!
Ficou-me esta pedra no sapato
Este Será?, o que teria sido?
O tempo passa, as raízes aumentam
Mantendo as mãos ocupadas o pensamento longe
Dentro das linhas da responsabilidade
A figura maternal atenta, alheia a discussões
Calma sem alma, sem alegria, sem nada a dizer
À espera de uma nova manhã de nevoeiro.