Oiço vozes!!

Sinto-me invadida, roubada…
Assustada, apetece-me gritar
Como se no passar dos anos
Se desenvolve-se em mim
A tal, a maldita a mal-aventurada consciencia!

Momentos de angústia só por te saber magoado
Andar as voltas, romper o chão
Encontrar a minha canção
Escrita pela cidade em estilo desafio

Chovendo

Esta chuva lava a alma
Incendeia os corpos
Aumenta o desejo das especies
São noites rendidas em dias
Tudo não passa de aventura carnal
A sedução vence a razão
São roupas espalhadas
Sonhos desfeitos em suor
Soltam se os preconceitos
Qual animais selvagens
Desprovidos de anseios
Apenas resta o desejo
O sol vai raiar de novo, quando acontecer
São cinzas de uma fogueira
Sem lenha por onde arder…

Eu quero não

Sentada a beira magoa:
Não quero alguém que me ame loucamente que queira ficar a meu lado para sempre, não quero que me digam que sou boa em tudo quando não faço nada de jeito, não quero alguém para segurar a minha mão e me dizer eu compreendo, não quero palavras doces em noites aleatorias, não quero o céu não quero um mar de rosas…
Com tantos não quero, as vezes e por vezes esqueço me do que realmente quero. Quero algo verdadeiro mesmo que não dure, quero tremer quando me tocam quero alguém que me diga que sou uma merda, que me diga não prestas, quero alguém que me meça o pulso que me leve ao limite das minhas forças e me acompanhe na exaustão da vida.
Inconstante nas palavras, há tempos que mantenho o silêncio tantas palavras me traíram que agora as palavras que sempre usei como escudo e espada são a almofada em que me deito e ignorando o sentido ou posição uso para adormecer depois de mais um dia sem sentido.

Lembro me

Depois de um fundo sentimento de tranquilidade enquanto tudo se desfazia em pó e me fugia por entre os dedos..
Perderam-se meses de angustia e tantas lágrimas, talvez as chore mais tarde agora entretenho me entre as verdades da saudade e o fumo de mais um cigarro.
Se de linhas tenho o caderno de desalinhos tenho a vida, pouco trago do passado e muito pouco carrego para lembrar no futuro.
Nestas noites enquanto te olho por entre as marcas que foram ficando não me importa para onde vais ou mesmo de onde vens, importa me o quanto dura este momento.

Saudade

Já vão alguns dias e eu inconstante comigo e com o mundo evito escrever te esta carta de despedida.

Não me despeço para sempre pois esta dor que carrego no meu peito a saudade que vai desflorando na minha alma mantêm te mais presente do que naqueles dias em que demasiado ocupada dizia jantamos depois.

Aquelas tardes em que parecia que o mundo se unia para me contrariar lá estavas tu para me dizer que eram tudo parvoíces e que no dia seguinte o sol ia brilhar outra vez… E já quando as forças te escasseavam e eu sabendo da tua dor fazia do coração um martire para não chorar ao teu lado, e mesmo nessas horas tu sorrias e cheia de esperança dizias que tudo dependia da nossa força de vontade do nosso acreditar…

Eu envolvida na tua alegria e vontade de viver acreditava contigo que era possível outro desfecho para esta malvada sina que se aproximava de ti, ria contigo dava te a mão sentindo esse calor doentio que tomava conta do teu olhar de todo o teu corpo..

Hoje quando rezava por ti vieram me algumas lágrimas das poucas que ainda sobraram do dia que te foste da minha beira que o teu olhar e a tua presença me abandonaram, limpei as e fui me juntar aqueles que de uma maneira ou de outra compreendem a minha dor e sentem tanta saudade como eu.

O teu brilho perdura entre nós a tua força acompanha nos para sempre, eterna saudade!