HOJE

 

Podia ter perdoado todos os erros da mesma forma, podia ter ido além das forças. No prazer da jornada podia encontrar paz e calma, mas esta jornada não é minha, não é a minha luta, não são os meus dias.

Não percorro caminhos ao teu lado, pois ao teu lado nada cabe, apenas saudade e imagens destroçadas da pessoa outrora imaginada.

Não procuro desculpas, não procuro respostas, procuro uma e apenas uma razão para na solidão da noite juntar todas as folhas de papel numa mala sem fundo e partir para um novo horizonte, um novo despertar.

Já não é vida nem mesmo a vontade que me mantém junto a esta imagem é apenas o cansaço da rotina e a liberdade de me saber minha que me mantém ainda nesta margem. Não te guardo no coração nem mesmo na razão, guardo te em molduras.

Não sorriu contigo, sorrio para ti numa ultima esperança. Não te peço nada e no pouco que te digo são sempre fantasmas que ficam, tornando a minha figura o mais distante daquilo que um dia disseste amar.

Coração é gelo e de consciência nem vestígios, na alma já nada carrego, sou apenas eu este corpo sem alma a percorrer os caminhos que desenho nas noites acordada a espera que amanheça para estar mais velha e mais perto desse fado impiedoso que me leva e me mata por momentos nos braços da saudade enquanto bebemos café e dizemos tudo menos a verdade.